quarta-feira, 18 de junho de 2008

A Abelha metamórfica e o Graxaim

Um conto nas matas de restinga


Em seus passos furtivos, ele explora o lugar.
Era daqueles que não andavam a esmo e tinha o espírito peregrino e curioso. Vivia para si, mas por entender dos motivos dos seres.

Era duro porque é selvagem, e chora porque é belo.


Quando se perceberam, estancaram
Talvez tenham se notado por serem os únicos ali naquele pedaço de mato. Ou não, não se sabe muito bem dessas coisas. Independente disso, ou não, aquela curiosidade dele e a dela (que também a tinha em quantidade considerável) os acometeu, e ela foi a fêmea.

Primeiro se acercaram devagar, rodando, para se aproximarem sem susto. Ele cheirou, cheirou sua boca, seu pescoço, seu genital. Ela ouviu seu uivo, de timbre tão forte, tomado do seu sentimento.
E caíram.
Girando, um pegando o outro, querendo pegar, o outro.
E começou uma dança louca sem saberem se se queriam ou se estranhavam, se mordiam, se tocavam, se confundiam ou se mostravam, se lambiam, se amaram, uivaram, gozaram, choraram.

E no êxtase que ela sentiu, tão libertador e tão aprisionante, tomou-se se um impulso e deu o bote, abocanhando primeiro a cabeça e parte do ombro, já que era pequena. E para resolver o problema, foi a Sucuri, para engolí-lo todo, mesmo que devagar, pois não via outro jeito de tê-lo tão perto quanto desejava.

O que ele achou?
Não disse imediatamente. Talvez pelo susto, ou por estar sendo digerido.
Ela espera que ele fale lá de dentro.

2 comentários:

paulinha disse...

não sei o que dizer...
e acho que esse é o melhor elogio que eu poderia dar a alguém...
foi emocionante num momento em que nada mais me emociona.
foi surpreendente num momento em que nada mais me surpreende.
espero que tenha mais, pois foi um ótimo início.

Derbi disse...

Puxa taí um universo teu que eu não conhecia!!! Quero ver mais dessas coisas!!!

Me fez flutuar mesmo um tempo depois de ler, não é qualquer coisa escrita que tem esse efeito!!

Não ouse parar!!!